domingo, 19 de junho de 2005

Ansia de Letra

As letras acalmam-me,
O gesto
Praticado em horror, expectante.
O opium de sangue,
Escarnecendo,
Um vicio velho
Uma salvação ingrata...

Modulo letras...
Vaga tentativa,
Afastar, de mim,
A mão cruel,
Que puxa,
Repuxa os cabelos.

Cedo no tempo
Instantes que não chegam,
Formo frases,
Frenéticas
Formas ansiosas
De encontrar,
Possivel fuga,
Uma possibilidade de fuga...

O meu carrasco ama-me!
Atira-me de encontro arestas
Acutilantes,
De encontro à rasura dos versos.
Pega-me na mão,
Usa-a como caneta
E a alma feita tinta
Espalha-se
Sobre o papel pardo...

Quando olho,
A alma gastou-se,
O tempo tragou o papel.
Feita em pedaços,
A vida quebrou-se,
Estilhaçada,
Dolorosa, corroeu quem a continha.

Nos caixões
Morada de corpos despidos
De alma
De corpos envolucro
Vazios de animo.
Já não se amortalham, os mortos,
Moram nos caixões...

Hoje,
Uso ainda viva
A mortalha do meu corpo morto.
Esta forma exangue
De alma embrutecida,
Extinta
Pelo inverno que chegou e
Apagou a chama.

by Ar, 30 de Maio, 05

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